domingo, 4 de setembro de 2011

SC3 - A SECA DE 1919 EM CAMOCIM

A contar pelos registros do Pe. José Augusto da Silva, nosso primeiro pároco, depois tornado Monsenhor, que cuidou do rebanho católico camocinense entre 1906 - 1930, podemos dizer que era um religioso que se preocupava também com a história da sua comunidade. A postagem de hoje ressalta os acontecimentos da Seca de 1919 sob o ponto de vista do padre e da ação da paróquia no sentido de minorar os sofrimentos dos flagelados:

"Com a anormalidade causada pela terrível sêcca de 1919, muito resentio-se a Parochia de Camocim, aliás o ponto escolhido de preferencia pelos emigrantes. A generosidade do povo camocinense, dêve a organização de um dispensario para os mpobres flagellados. por alguns meses conseguio distribuir esmolas em dinheiro, fazendas e legumes aos necessitados. Alem do valioso auxílio, enviado pela Autoridade Diocesana, na importancia de alguns contos de réis, parcelladamente, muito importante também fôra a acção do Commercio em geral.
A Conferência Vicentina não descuidou-se, a medida de suas posses, no desempenho de seus deveres de caridade".
(1º Livro de Tombo da Paróquia de Bom Jesus dos Navegantes, p.21v)

Foto: fortalezanobre.blogspot.com
O registro mostra claramente o litoral camocinense como válvula de escape dos flagelados em tempos de seca. Ressalte-se que este tipo de migração forçada contribuiu enormemente para a configuração urbana e composição das famílias hoje existentes no município no decorrer do tempo. Isto é, após passar os efeitos da seca, muitas dessas famílias fixaram-se em Camocim, continuando a construir seus laços de sociabilidade por aqui e contribuindo para sua formação e evolução.
 

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