A contar pelos registros do Pe. José Augusto da Silva, nosso primeiro pároco, depois tornado Monsenhor, que cuidou do rebanho católico camocinense entre 1906 - 1930, podemos dizer que era um religioso que se preocupava também com a história da sua comunidade. A postagem de hoje ressalta os acontecimentos da Seca de 1919 sob o ponto de vista do padre e da ação da paróquia no sentido de minorar os sofrimentos dos flagelados:
"Com a anormalidade causada pela terrível sêcca de 1919, muito resentio-se a Parochia de Camocim, aliás o ponto escolhido de preferencia pelos emigrantes. A generosidade do povo camocinense, dêve a organização de um dispensario para os mpobres flagellados. por alguns meses conseguio distribuir esmolas em dinheiro, fazendas e legumes aos necessitados. Alem do valioso auxílio, enviado pela Autoridade Diocesana, na importancia de alguns contos de réis, parcelladamente, muito importante também fôra a acção do Commercio em geral.
A Conferência Vicentina não descuidou-se, a medida de suas posses, no desempenho de seus deveres de caridade".
(1º Livro de Tombo da Paróquia de Bom Jesus dos Navegantes, p.21v)
(1º Livro de Tombo da Paróquia de Bom Jesus dos Navegantes, p.21v)
Foto: fortalezanobre.blogspot.com |
O registro mostra claramente o litoral camocinense como válvula de escape dos flagelados em tempos de seca. Ressalte-se que este tipo de migração forçada contribuiu enormemente para a configuração urbana e composição das famílias hoje existentes no município no decorrer do tempo. Isto é, após passar os efeitos da seca, muitas dessas famílias fixaram-se em Camocim, continuando a construir seus laços de sociabilidade por aqui e contribuindo para sua formação e evolução.
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