terça-feira, 1 de novembro de 2011

O CONTRABANDO EM CAMOCIM - PARTE 2

Seis anos depois de instalada a CPI do Contrabando do Café e da Cera de Carnaúba na Câmara dos Deputados, a imprensa cearense  ainda noticiava ações da polícia em prender contabandistas envolvidos com as "muambas em vários locais, inclusive no Ceará, no município de Camocim" (Jornal O Povo, 20 e 21 de junho de 1964, p.2). O major Egmont Bastos Gonçalves que presidia o inquérito no Ceará, revelava naquela oportunidade que havia solicitado a prisão do contrabandista "Milton Cachorrinho" que estaria homiziado no Sul do país. Na mesma nota (foto ao lado), o major informa também que a "Comissão já ouviu o espanhol Luis Morallez também implicado e prepara-se para fazer o mesmo com o sr. Zacarias Neves, tido como o 'rei do contrabando' no Pará". Como podemos observar os nomes que aparecem nesta fonte não envolve m políticos e suas redes de proteção. Vale salientar que, neste mesmo número do jornal cearense o jornalista Tarcisio Holanda , conscientemente ou não, aponta para uma prática  que se inaugurava  no contexto pós-golpe onde os grupos políticos vencedores do Golpe Civil-Militar de 1964 usariam pra perseguir seus adversários - a acusação de serem contrabandistas. Foi o caso da cassação do mandato de Deputado Federal do Padre José Palhano de Sabóia, cujo processo em sua formulação teve a decisiva participação do General Flamarion Barreto e do Coronel Luciano Barreto, ambos irmãos do então Prefeito de Sobral, Cesário Barreto, inimigos políticos do afilhado de Dom José Tupimambá da Frota.Vale ressaltar que em muitas ocasiões, acusadores e acusados estavam envolvidos na prática ilícita do contrabando, se sobressaindo a força política na cassação de mandatos parlamentares. Voltaremos a falar do assunto em postagens posteriores.



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