sábado, 21 de abril de 2018

GABINETE CAMOCINENSE DE LEITURA

Jornal "A Lucta". Sobral-CE. 1916. edição 91, p. 2


Nas primeiras décadas do século XX, um dos esforços das elites de qualquer lugar, principalmente a letrada, era se distinguir no processo civilizatório através da criação de entidades onde a sociabilidade dava-se, pretensamente, pelo culto às letras, à cultura, a educação formal e informal, dentre outros fatores. Neste sentido, proliferou nas principais cidades da então zona norte do Ceará, a criação de "Gabinetes de Leitura", inspirado no modelo francês, uma espécie de sociedade de letrados, onde se agremiavam os principais nomes da sociedade local, no que diz respeito ao prestígio político, poder econômico e intelectualidade. Hoje, seria o que chamamos de Academia de Letras que, do mesmo, modo, tem correspondência atualmente, com as várias academias que existem em praticamente, nas mesmas cidades. 

Crateús, Ipu, Sobral, Viçosa, Granja e Camocim tiveram seus gabinetes de leitura, onde se pode conferir suas atividades nos jornais da época. Em algum destes lugares, como Camocim, por exemplo, o gabinete de leitura ampliou sua ação para além das reuniões literárias em torno da sua biblioteca - criou uma escola noturna.
Como se disse anteriormente, os jornais eram pródigos em cobrir as atividades dos gabinetes. Exemplo disso, é a notícia em segunda página do jornal sobralense "A Lucta", que manda enviado especial para acompanhar a sessão de abertura dos trabalhos do Gabinete Camocinense de Leitura, em 16 de janeiro de 1916, publicada na edição 91 de 26 de janeiro daquele ano.

Além de uma evidente narrativa laudatória,  pode-se perceber a associação da matéria jornalística com as ideias de prosperidade que a cidade experimentava: "um padrão de progredir desta próspera cidade", aliando à festa de terceiro ano de existência da entidade, fundada em 12 de janeiro de 1913.

Outra associação fica evidente em relação aos ideais republicanos, além de uma referência aos novos tempos e à juventude: "o enunciar a inmensidade dos beneficios que ha trazido ao publico, máxime à mocidade camocinense, esse manancial inexhaurivel de luz, de moral, de civismo".

A matéria segue descrevendo a festa de aniversário do Gabinete Camocinense de Leitura, na época presidido por Júlio Cícero Monteiro, entre o som da banda "Harmonia Camocinense", dos discursos, dentre eles do orador oficial Pedro Morel, do bibliotecário F. Menescal Carneiro, dentre outros, arrematados, segundo o jornalista Oswaldo Araújo, do jornal "A Lucta", pela própria natureza, "enviando a Camocim, como portadora de seu saudar, uma chuva bonançosa".

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