sábado, 25 de janeiro de 2025

A PONTE DO JATOBÁ

Fonte: Jornal A Razão, Fortaleza-CE. Edição 252, p.7, 1937.



    A localidade de Jatobá fica na metade do trajeto que liga Camocim a Barroquinha, na estrada CE-085. Neste local corre o Rio Jatobá que em priscas eras, quase sempre cortava a antiga estrada carroçável que ligava Camocim ao estado do Piauí
    No entanto, mais conhecida como "Estrada da Barroquinha", nos tempos de inverno e verão, a velha estrada era conhecida por suas más condições de tráfego, seja no verão ou inverno. Do lado do Piauí, o governo asfaltou a estrada até a divisa com o Ceará (Retiro-Chaval, pelo Rio Ubatuba), no final dos anos 1980. Somente em 1994, quando o deputado Francisco de Paula Rocha Aguiar (Chico Aguiar), assumiu o governo do Ceará por 83 dias, a estrada foi asfaltada pelo lado do Ceará.
    No entanto, o velho trajeto, que no inicio do século XX foi cogitado a se transformar num ramal ferroviário ligando Camocim a Parnaíba, permaneceu estrada de rodagem. 
    Mas, em 1937, cansado de esperar a ação do governo federal e estadual, o município resolveu realizar um melhoramento na estrada, mandando construir a Ponte do Jatobá:
    "Referida ponte que tem os encontros de alvenaria de pedra e cal, tem o pegão do centro, bem como as vigas e lages do passeio, de cimento armado, muros de arrimo em uma extensão de 20 metros em cada encontro, e custou a Prefeitura, cerca de 15:000$000", divulgou o jornal A Razão, que atribui a obra ao prefeito de então, Francisco Coelho
    Na mesma matéria jornalística, a data da inauguração da ponte é 7 de março de 1937, "com a presença do que Camocim tem de mais representativo [...] no quilometro 18 da estrada que liga esta cidade aos povoados de Barroquinha e Chaval, bem como`a  Parnaíba, no Piauí".
    Atualmente, se você viajar de Camocim a Barroquinha, mal notará a tal ponte. O Jatobá terá outros pontos referenciais, como o assentamento rural, a cerâmica, a escola Hipólito Ricardo Pinto, a casa do Sr. Expedito Ciríaco, dentre outros.

quinta-feira, 23 de janeiro de 2025

CALENDÁRIO HISTÓRICO DE CAMOCIM. JANEIRO

 

Mês de Janeiro de 2025. Fonte: shopee.com.br



    Com o objetivo de instituir um calendário histórico para o município de Camocim, o blog Camocim Pote de Histórias, todo mês, publicará algumas datas referentes. 
    Conclamamos aos nossos seguidores que nos ajudem a construir este calendário, sugerindo e informando fatos acontecidos nos referidos meses publicados.
    Iniciamos, portanto, com o mês de JANEIRO:

8 de janeiro de 1883

Camocim, sede do núcleo municipal foi elevada à categoria de Vila.

25 de janeiro de 1906

Desanexação da Paróquia de Camocim da Paróquia de Granja, através de Portaria, sendo nomeado pároco o então Padre José Augusto da Silva.

    





domingo, 19 de janeiro de 2025

O TRABALHO DOS ESTIVADORES EM CAMOCIM

 





    No tempo em que Camocim sobrevivia economicamente das atividades realizadas entre o porto e a estação, os empregos no "chão do cais" e na ferrovia eram os mais cobiçados, embora que, nem sempre, estar empregado nestes espaço, estivesse associado ao mito de "ganhar bem", posto que havia uma hierarquia de acordo com a atividade  desenvolvida.
    Neste sentido, um estivador, encarregado da movimentação de cargas, principalmente no interior dos navios, ganhava melhor do que um portuário,  enquanto este, melhor do que um salineiro, para falar da realidade dos serviços portuários de Camocim.
    Estas categorias profissionais, vez por outra, tinham suas atividades normatizadas pelo Ministério do Trabalho, através de portarias a serem cumpridas nos mais diversos portos do país.
    E quanto ganhava um estivador por exemplo no ano de 1940? Segundo a  portaria de 22 de abril de 1940,

"O Ministro de Estado, dando aprovação as tabelas de que trata o art. 20; resolve mandar que o o pagamento dos serviços conexos com os de estiva, a bordo dos navios, tais como limpeza de porões, rochedo de carga que não tenha que ser descarregada e outros executados pelos operários estivadores, nos portos adiante mencionados, obedece a seguinte tabela de salários".


        Destacamos aqui, para efeitos comparativos, os salários praticados nos portos cearenses: Camocim- 10$000; Fortaleza- 18$000 e Aracati -11$000. 
    Como podemos notar, o estivador camocinense era o menos remunerado entre os seus conterrâneos.


Foto: TRÉVIA, José Maria. Outros Tempos. Fortaleza: Expressão Gráfica e Editora, 2010, p.62.

Fonte para o  recorte de jornal: Gazeta de Santa Catarina, ed. 1703, p.1, 1940. 




sábado, 21 de dezembro de 2024

CAMOCIM E SUAS LOCALIDADES - TATAJUBA

 

Vila de Tatajuba. Camocim-CE. Fonte: https://almeidamuller.wixsite.com/tatajuba/a-vila?lightbox=dataItem-inf4jjsv


        Estamos trabalhando para uma nova edição do livro didático "Historiando Camocim". Na futura edição, acrescentaremos aspectos geográficos e informações históricas sobre as principais localidades do município. 
    Nesta  rápida postagem, enfocamos a vila de TATAJUBA, nome proveniente muito provavelmente da existência dessa madeira na região (Bagassa guianensis), o pau-amarelo, muito cobiçado pelos holandeses nos tempos em que os mesmos traficavam espécimes da flora e da fauna nessa região.
    Reza a tradição, tanto pela oralidade quanto pelos resquícios arqueológicos que o nosso litoral era rota dos índios tremembés que desciam a Serra da Ibiapaba durante as temporadas de colheita de frutos silvestres (especialmente caju), de caça e pesca e iam explorando o Rio Camocim, o Rio Ceará, até o Rio Grande do Norte e voltavam vice-versa.
    Os mais antigos moradores da vila contam que viam o deslocamento dessa tribo nessa passagem por Tatajuba. que acampavam numa elevação que ficou conhecida como Morro dos Tremembés. Ainda hoje, essa presença pode ser notada pela presença das cascas de ostras no local do acampamento.
    Originalmente chamada de "Cabaceiras", a vila de Tatajuba oi aumentando a partir do século XX (1905) com a chegadas dos primeiros moradores, como o sr. Neuzinho, Chico Pescada e suas famílias que depois se juntaram os Carneiros, e a família do Sr. Gregório Pedro Alexandrino, que se tornou o maior comerciante local, pois possuía um barco para realizar as transações de compra e venda de mercadorias e peixes entre Camocim e Tatajuba.
    Em 1925, estas famílias ergueram a primeira igreja em homenagem ao padroeiro Santo Antonio. Em 1948, construíram uma igreja maior, de rente para o mar, num lugar mais alto, defronte a uma árvore de Tatajuba, cujo nome para o lugar foi oficializado em 1950 pela Câmara Municipal de Camocim. Nos anos 1980 iniciou-se a construção da atual igreja, cuja conclusão deu-se em 1982.
    Com a migração dunar, fenômeno muito característico em nossa região, o vilarejo foi soterrado, fazendo com que a população se dispersasse para locais próximos da antiga vila, formando novos os novos núcleos de Nova Tatajuba, Baixa da Tatajuba, Vila Nova e São Francisco.  Destas localidades, Nova Tatajuba é a que despontou como destino turístico com grandes empreendimentos, se tornando um ponto de esportes náuticos de verão.

    

quinta-feira, 7 de novembro de 2024

CINEMA OLYMPIA. CAMOCIM-CE

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Cinema Olympia. Revista Phenix. ANNO lll~MAIO DE 1914—N.o XXIV, p.12.


       Nas primeiras décadas do século XX, Camocim viveu seu apogeu econômico e social. Apesar de ser uma pequena cidade, a pujança das atividades comerciais e industriais podiam ser percebidas pelo movimento do porto e da estrada de ferro.
 Neste sentido, a cidade apresentava uma significativa presença dos sinais da modernidade de então, representada por associações de classe, clubes, jornais e cinemas, dentre outros equipamentos.
 No tocante ao cinema em Camocim, já nos referenciamos neste espaço em postagens anteriores sobre a "sétima arte", trazendo informações sobre o Cine Fenix, Cine João Veras, dentre outros.
    Em maio de 1914, através da Revista Phenix vamos tomar conhecimento da abertura de um outro empreendimento na área do entretenimento, denominado Cine Olympia, de propriedade dos empresários Alcides Mourão e Fernando Pessoa.
    Uma pesquisa mais detalhada poderá apontar um pouco mais sobre estes espaços de sociabilidade. 

segunda-feira, 28 de outubro de 2024

O SENADOR E O SAL

 

General Onofre Gomes de Lima. Fonte: www.7bib.eb.mil.br

    O general Gomes de Lima foi um daqueles camocinenses que não tiveram uma identificação muito forte com a cidade. Tanto é que em alguns relatos biográficos é dado e tido como sobralense. Aliás, uma foto sua quase em tamanho natural, orna uma das paredes do Museu Dom José de Sobral. 
    Dono de uma brilhante carreira militar enveredou pela política nas décadas de 1950. Primeiramente, concorreu ao cargo de governador do Estado do Ceará em 1947 e foi derrotado por Faustino de Albuquerque. Inclusive, perdeu em Camocim. Nas eleições gerais de 1950 foi eleito Senador da República pelo Ceará.
    Nos anais do seu mandato, no entanto, a sua atuação pouco se refere ao Ceará e a região norte, propriamente. Rastreando os jornais, no entanto, encontramos uma simples nota, fazendo referência a produção salineira de Chaval e Camocim:

REEQUIPARAÇÃO DE FRETES

    O Sr. Onofre Gomes, da bancada cearense, foi o primeiro a ocupar a tribuna, transmitindo um apelo dos produtores de sal do seu Estado, no sentido de que os fretes de Chaval sejam os mesmos que os do porto de Camocim e que os navios do Loide façam escalas nos aludidos portos, no prazo mínimo de 30 ou 40 dias. Aproveitando o ensejo, o Sr Onofre Gomes fez, também, considerações sobre a crise de produção no Ceará, provocada pela seca. 

    Infelizmente, o site do Senado Federal não traz nenhum pronunciamento do senador Onofre Gomes, notadamente o que se refere a matéria jornalística.


Fonte:Jornal A Manhã, RJ, 1953, ed. 3622, p.6.


sábado, 10 de agosto de 2024

PELAS RUAS DE CAMOCIM... MEMÓRIAS SENSORIAIS

Fachada do Colégio Estadual Professor Ivan Pereira de Carvalho. Camocim-CE.


    O trajeto de hoje foi pelas ruas Marechal Floriano, D. Pedro II, Riachuelo, Perimetral, Santos Dumont, Tiradentes e 24 de Maio. Se fosse trabalhar o território percorrido pela nomenclatura, a ligação é evidente com a história do panteão histórico do país. Contudo, as nossas vivências por essas ruas se misturam com as cenas que percebemos no momento em que trafegamos por elas.

    Daí, passar pela Rua Pedro II é tentar identificar a casa em que funcionou a antiga cadeia pública (próximo das seis bocas cortada pela rua Humaitá) na próxima esquina, onde pontifica a Pousada Tropical, minha memória olfativa me lembra do cheiro forte de tinta e cimento de uma fábrica de mosaicos que ali funcionou na década de 1970. Por ali eu passava para estudar no velho CEPA - Colégio Estadual Padre Anchieta. 

    Entro na Riachuelo e o hoje CEPI- Colégio Estadual Professor Ivan me remete ao CEPA de 1978 onde cursei a então 8ª série ginasial. Onde estarão os sobreviventes desta época?

    Duas quadras depois, na esquina do antigo Centro Social Urbano (CSU), Tinildo, envergando uma camisa vermelha berrante, (não deu tempo tomar a benção a ele dessa vez) se posta impassível diante do movimento das pessoas que passam para lá e pra cá em busca das delícias da Padaria do Zé Fonteles. Impossível não lembrar dele e sua carroça vendendo o pão vespertino de cada dia pelas ruas da cidade em tempos idos.

Já quase chegando às Quatro Esquinas me lembro da Senzala, uma casa noturna que funcionou por pouco tempo e hoje é um lava-jato. Na esquina seguinte, retalhos da minha infância, da segunda casa onde moramos, defronte do Sindicato dos Trabalhadores Rurais e vizinho do Zé Guilherme. Quantas histórias e memórias numa rua só. Mais adiante, a casa de Pedro Rufino ainda resiste como ícone de uma lembrança militante comunista. Antes da confluência com a Perimetral, vamos encontrar o sapateiro Paulo Açúcar, absorto na costura de um "pisante" de algum freguês...

Até outro dia...

Foto: https://www.google.com/search?

FAROL DO TRAPIÁ - A ORIGEM

Farol do Trapiá. Camocim. Foto: Nilson Filho (Sobralonline).

    Chegamos na temporada dos ventos. Cada vez mais Camocim se insere num destino para os esportes náuticos que tem o vento como motor. E a Praia do Farol é o ponto que agrega todos os desportistas, turistas e as condições para a prática esportiva.

    Mas, e o Farol? Ah, o nosso Farol do Trapiá enquanto balizador dos rumos terrestres para os navegantes não existe mais. Ou melhor, não como era, não como foi  inaugurado há 129 anos. O último farol foi demolido em 24 de janeiro de 2024 e no local se instalou um "farol temporário, até a construção de um novo farol no local."

Antigo Farol do Trapiá. Fonte:  Marinha do Brasil. CAMR-Centro de Sinalização Náutica Almirante Moraes Rego.

    Para os navegantes da história, trago informações sobre o PRIMEIRO FAROL, direto da redação do jornal camocinense FOLHA DO LITTORAL, de 1918, quando se comemorou os 23 anos de existência do equipamento. Mantivemos a escrita da época:

O pharol de nossa barra que serve de mira aos navegantes está situado na ponta do “Trapiá”, na seguinte posição: latitude 2º 51'30" Sul e longitude 40º 42' 50" a Oeste do meridiano de Greenwich, na Inglaterra. É de luz branca, fixa, com lampejos de 30 em 30 segundos. , o Dioptrico de 5ª ordem. Visível a 12 milhas. 

Está acima do solo 10m.50. Acima da préa-mar 13 m.80. Tem a forma de uma colunna de ferro. 

Foi inaugurado no dia 15 de Novembro de 1895. Foram seus primeiros pharoleiros Constantino Lourenço Gomes (que exonerou-se por motivo de doença dose annos depois) e Joaquim Jacob Ramalho, segundo e terceiro pharoleiros respectivamente. Exerceram os cargos ainda de 2º pharoleiro as seguintes pessoas: Francisco de Paula Correia de Mello, Raymundo Gomes de Oliveira Filho e José Olympio dos Santos. O 3º pharoleiro Joaquim Jacob Ramalho, foi ha dois anos removido para o Aracaty. sendo substituído por Claudionor Moreira do Carmo.

Completaram-se ante-hontem, 23 annos que foi inaugurado o pharól da barra de Camocim. 

    Aguardemos, portanto, não somente os ventos, mas um novo farol, já que não preservaram os antigos.


Fontes para o texto: Camocim Online e Folha do Littoral, 1918.

Fontes das imagens: Marinha do Brasil e  Nilson Filho/Sobral Online