segunda-feira, 11 de julho de 2011

CAMOCIM, ENAMORADA DO MAR - PARTE 2


Dando prosseguimento ao texto do camocinense Frota Aguiar, o blog segue reproduzindo o texto na seção "Escritores de Camocim". Confiram abaixo:

"Seria uma injustiça se não invocasse também o nome do homeopata Francisco Nelson, carinhosamente conhecido por Chico Nelson, o qual, perseguido por incompreensão política, homiziou-se por breve tempo em Massapê, onde, com sua arte de curar, suavizou muitos sofrimentos, inclusive salvando a vida de minha irmã Dulce, atualmente a serviço de Deus como Irmã de Caridade.
Camocim não é exceção. Possui também filhos ilustres e progressistas que se projetaram nos vários segmentos da sociedade: na literatura, nas artes, nas ciências, na indústria, no comércio, nas profissões liberais, na carreira das armas e na imprensa.
Citando Raimundo Cela e Pinto Martins, cujos nomes se tornaram mundialmente conhecidos, estou assim homenageando dos demais que já estão no reconhecimento dos camocinenses.
Já afastado de minha terra natal, vivendo em paragens do Rio de Janeiro, testemunhei de longe surgir, na área político-administrativa Murilo Rocha Aguiar, o ex-seminarista, com credenciais positivas de homem público, investido de defensor das coisas da coletividade de sua comuna, quer no âmbito municipal, quer no estadual e federal. Essa afirmação, de intenção cívica, jamais desmerecerá os demais homens públicos da terra, também merecedores de respeito pelo que realizaram.
Com aquela firme obstinação, uma das suas características, o impetuoso político invadia Gabinetes Ministeriais e convocava quem o pudesse ajudar - até o que escreve essas recordações, na conquista daquilo que perseguia. A sobrevivência do porto de Camocim era sua forte preocupação!
Embora de físico franzino, existia dentro do peito desse valoroso lutador um dínamo humano, irradiando energias.
Ainda no Rio, vim a conhecer, honrado com sua amizade, a figura humana e social de Alcino Cavalcante Rocha, expressão da inteligência e de invejável memória, como um dos exilados da política do terror que então imperava no Ceará.
Alto, delgado e de personalidade firme, Alcino era exímio recitador de poesias. Lembro-me de uma delas - A Maldição, de caráter político, de autoria do farmacêutico e poeta Rodrigues de Andrade, de grande repercussão na época, anatematizando a tirânica Intervetoria do General Setembrino de Carvalho - instrumento da política autoritária do Senador Pinheiro Machado, que assim terminava com esse verso ardente: "Até que as pragas te consumam, nos infernos hás de estourar!".

Essa poesia era a de sua predileção. Recitava-a com entusiasmo. Vingança? Não. Protesto ao arbítrio, sim.
Foto: Rua Alcindo Rocha. Camocim. Fonte: panoramio.


Nenhum comentário:

Postar um comentário