Fonte: historianovest.blogspot.com |
Assim como na passagem do Império para a República, logo
de pronto a Câmara Municipal de Camocim tratou de saudar os novos
detentores do poder no país quando do Golpe Civil-Militar de 1964. Voltemos ao
século XIX! Em 26 de novembro de 1889, quinze dias, portanto, da Proclamação da
República, o Presidente da Câmara, Sr. Serafim Manoel de Freitas, que naquela época tinha função executiva,
convoca seus pares para uma reunião extraordinária no sentido de manifestar
"ao Governo provisório federal d"este Estado do Ceará a sua adhezão no
heróico paço que derão na vanguarda dos mais liberaes instituição pela
Proclamação da República Federativa do Paiz".
No caso da
inauguração do regime de exceção
política iniciado em 1º de abril de 1964 não foi diferente. Não tendo em
sua composição nenhum vereador eleito por partidos naquela época, ditos de
esquerda - o último fora o comunista Pedro Teixeira de Oliveira (Pedro Rufino)
na legislatura de 1947 a 1951 -, a
Câmara logo se solidarizou aos militares
"revolucionários". Dez dias após à tomada do poder, na Sessão
Ordinária de 10 de abril de 1964, o vereador João Oldernes Fiuza Lima pede que
se insira na ata daquela sessão "um ato de louvor e congratulação às
Gloriosas Forças Armadas de nossa querida Pátria que souberam bem interpretar e
defender a nossa querida Pátria da insânia e julgo comunista que estava
enxertada pelos maus brasileiros, tomando assim o verdadeiro caminho da
democracia e nossa liberdade, como também passar telegramas dirigidos às Forças
Armadas, Governador do Estado e Assembléia Legislativa em congratulação pelo
grande acontecimento e êxito obtido".
Como na maioria das câmaras municipais do país, a
solicitação do vereador foi aprovada por unanimidade. Sem nenhuma novidade
também, é a fala do vereador na defesa de sua convicção, de resto, muito
parecida com os discursos proferidos nos jornais da época, fortemente marcados
pelas ideologias em jogo, notadamente pela inversão dos conceitos como
democracia e liberdade. Mas isto é uma outra história!
FONTE: Arquivo
Municipal de Camocim. 1º Livro de Ofícios Expedidos. 26/12/1885 a 11/05/1908,
p.44. Respeitou-se a grafia da época.
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