terça-feira, 8 de abril de 2014

A CÂMARA MUNICIPAL E A DITADURA EM CAMOCIM



Fonte: historianovest.blogspot.com
Assim como na passagem do Império para a República, logo de pronto a Câmara Municipal de Camocim tratou de saudar os novos detentores do poder no país quando do Golpe Civil-Militar de 1964. Voltemos ao século XIX! Em 26 de novembro de 1889, quinze dias, portanto, da Proclamação da República, o Presidente da Câmara, Sr. Serafim Manoel de Freitas,  que naquela época tinha função executiva, convoca seus pares para uma reunião extraordinária no sentido de manifestar "ao Governo provisório federal d"este Estado do Ceará a sua adhezão no heróico paço que derão na vanguarda dos mais liberaes instituição pela Proclamação da República Federativa do Paiz".

No caso da inauguração do regime de exceção  política iniciado em 1º de abril de 1964 não foi diferente. Não tendo em sua composição nenhum vereador eleito por partidos naquela época, ditos de esquerda - o último fora o comunista Pedro Teixeira de Oliveira (Pedro Rufino) na legislatura de  1947 a 1951 -, a Câmara logo se solidarizou aos  militares "revolucionários". Dez dias após à tomada do poder, na Sessão Ordinária de 10 de abril de 1964, o vereador João Oldernes Fiuza Lima pede que se insira na ata daquela sessão "um ato de louvor e congratulação às Gloriosas Forças Armadas de nossa querida Pátria que souberam bem interpretar e defender a nossa querida Pátria da insânia e julgo comunista que estava enxertada pelos maus brasileiros, tomando assim o verdadeiro caminho da democracia e nossa liberdade, como também passar telegramas dirigidos às Forças Armadas, Governador do Estado e Assembléia Legislativa em congratulação pelo grande acontecimento e êxito obtido".

Como na maioria das câmaras municipais do país, a solicitação do vereador foi aprovada por unanimidade. Sem nenhuma novidade também, é a fala do vereador na defesa de sua convicção, de resto, muito parecida com os discursos proferidos nos jornais da época, fortemente marcados pelas ideologias em jogo, notadamente pela inversão dos conceitos como democracia e liberdade. Mas isto é uma outra história!



FONTE: Arquivo Municipal de Camocim. 1º Livro de Ofícios Expedidos. 26/12/1885 a 11/05/1908, p.44. Respeitou-se a grafia da época.

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