domingo, 11 de janeiro de 2015

CONSCIÊNCIA POLÍTICA EM CAMOCIM. SÉCULO XIX.

Fonte: Jornal "A Pátria". Agosto de 1890, p.3.
Na última década do século XX Camocim experimentava seus primeiros anos de cidade emancipada. A transição da Monarquia para a República também era recente. Na parte política essa transição se dava ao sabor dos interesses, como mostra a notícia do jornal  "A Pátria" de agosto de 1890. Nela está contido o protesto de um grupo de cidadãos que se diziam "operários e artistas" que reclamam de terem sido usadas suas assinaturas por outros para a constituição de um partido. Vale dizer que naquela época, "artistas" eram profissionais especializados em um ofício como carpinteiro, bombeiro, ferreiro, etc.
Na pequena nota, pode-se compreender que naquele momento os operários já tinham a clarividência da importância de se mostrarem na cena política representados por um partido político, afinal, suas assinaturas foram conseguidas para se fundar "um partido operário de socorros mutuos", confundindo-se assim, partido político com associações mutualistas e beneficentes. No entanto, uma leitura mais atenta do programa deste partido motiva a nota de protesto dos operários no jornal, que identificam o objetivo de "fazer política" com seus nomes.
Não satisfeitos com o uso de suas assinaturas, os operários Manuel Xavier Pacheco, Antônio Barachio dos Santos, Antônio Gomes de Souza, Manoel Barros Galgão e Francisco Damience Fiúza, denunciam o desvio de objetivo que os senhores Aderson, Torquato Pessoa e Luís Gomes de Lima estão fazendo com seus nomes e os desautorizando de tal expediente, ao tempo em que reafirmam pertencerem ao Club Republicano de Camocim "filiado ao Centro de Fortaleza".
Ao pertencerem e reafirmarem seus vínculos com o Club Republicano, os operários procuram também estar sintonizados com os novos ares da política prometidos pelo ideário republicano que aos poucos se afirmava na cena política.


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