Camocim. Foto: Evandro da Silva Araújo. |
Não tem jeito, vou ter que entrar no assunto palpitante do momento: CORRUPÇÃO.
Mas vou entrar pela janela do passado e tentar encontrar a porta do presente nesse caminho labiríntico para compreender esse imaginário, ou essa "cultura" que acaba se transformando numa espécie de identidade do brasileiro.
Vivemos tempos de seca e o colapso está diante de nós. No entanto, a agenda, a pauta das discussões é quem vai ser o próximo delatado, o próximo escândalo, o próximo espetáculo midiático a atingir velhos e novos políticos.
No final do século XIX não se tinha todo esse aparato, mas o jornalista já usava de pseudônimos para denunciar os desmandos dos espertalhões que já naquela época, enricavam com a desgraça dos outros. Foi o que fez João Biró em dois momentos:
"Em Camocim todos os mezes são roubadas as cargas que
se recolhem no armazem da Companhia Maranhense, não só do governo
como de particulares". (Jornal A Constituição, Fortaleza-CE, 1878, nº 29, p.3).
"Na Comarca de Granja tem sido grande o
esbanjamento dos gêneros distribuídos
aos famintos.
[...] Entretanto, o roubo em Camocim não é menos escandaloso:
Parece incrível a despeza feita com os socorros naquella
villa, mas o que é verdade é que nem a centésima parte dos generos e fazendas
tenha cabido ás infelizes victimas da secca.
[...] Os vendedores de generos e de gado estão estam associados ao
contractante do fornecimento.
[...]A distribuição das fazendas foi feita entre os parentes da
sagrada famillia, sem reserva nenhuma. Pessoas abastadas receberam pessas. E falla se em despeza com famintos! (Jornal A Constituição, Fortaleza-CE, 1878, nº 29, p.3).
Talvez nunca saberemos quem foi João Biró. Quanto aos corruptos, esses fazem história e deixam descendentes que continuam fazendo das suas!
Fonte: Jornal A Constituição, Fortaleza-CE 1878, nº 29, p.3; 1878, nº 29, p.3).
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