sábado, 13 de fevereiro de 2016

MINHAS LEMBRANÇAS DO CAMOCIM ANTIGO - CEPA/ESCOLA JOÃO DA SILVA RAMOS



Ginásio Padre Anchieta. Anos 1950, Camocim. Fonte: IBGE.
            Camocim 13 de fevereiro de 2016. Mais de quarenta anos depois volto à escola que me acolheu entre o 2ª e  7ª série, nos anos de 1972 a 1978. Quase nada mudou, a não ser o acréscimo de algumas salas, uma quadra esportiva, laboratórios e algumas mudanças internas. Foram anos de muito aprendizado e descobertas. Aqui despertei o meu gosto pela leitura. Lembro-me ainda quando a Professora Conceição Lúcio me colocou para declamar o poema "Soneto da Fidelidade" de Vinicius de Moraes numa festa do Dia das Mães. Tremia mais do que vara verde... mas ficaram as lembranças. Recordações da hora do recreio quando em algazarra nos postávamos na fila da merenda ou mesmo da compra de guloseimas dos vendedores que ficavam do lado de fora no muro lateral que dar para a Rua 24 de Maio. O muro era de meia altura com um pequeno gradeado. Naquele tempo não se precisava elevar muros. Recordo que era possível encontrar ovos de galinha dos vizinhos no mato que ficava atrás das salas do lado esquerdo. E a quadra? Era apenas um cimentado que ficava ao fundo onde hoje está erguida a Quadra Poliesportiva. Por anos a fio, nós alunos contribuímos com a Caixa Escolar, cujo valor era recebido pela senhorita Nelita Fonseca, já falecida, que, diziam, era para construir a tal quadra e ainda tinha um campinho onde praticávamos algum futebol e as aulas de Educação Física ministradas pelo Prof. Luís Carlos Feitosa, o Melancia (talvez uma alusão ao seu ventre avantajado).

            Dos professores que mais lembro a Profa. Marilda que me fez gostar dos Estudos Sociais. Conceição Lúcio, de Português, como já disse, me despertou para o gosto da leitura. Foi aquela gota d'água que fez a diferença e que ainda hoje me sacia. Do colega José Carlos dos Santos (Galdino) que depois se tornou policial e morreu em combate lembro o companheirismo dele em me acordar nas manhãs que havia aula de Educação Física, do Messias dos Reis, que também ainda hoje é policial a lembrança é sempre da sua alegria e de mexer com os outros numa brincadeira sem fim. Um dos filhos do soldado Pecém era metido à mágico e malabarista. Dava saltos mortais no pavilhão. Mas a lembrança maior trago ainda no corpo: uma cicatriz na sobrancelha do olho esquerdo. Naquele tarde do dia fatídico um helicóptero sobrevoava a Praça da Matriz e por lá pousou. Como estávamos sem aula todo mundo correu em disparada para ver o objeto voador identificado. Na minha frente corria o Gilberto Silva (que hoje é mestre de barco), ao passar pelo portão de fora, jogou para trás uma das bandas que me colheu de frente, que vinha logo atrás. Num primeiro momento ainda corri colocando apenas a mão no olho. Ao chegar no Parque Infantil que ficava em frente da escola outro colega me advertiu que jorrava sangue do local afetado. Amedrontado, levaram-me para o Hospital onde foi providenciado um curativo. O enfermeiro que atendeu disse depois que "não faltou nada para atingir o olho". Fiquei por mais de uma semana com a "placa branca" na cara e ainda quase levava uma surra!


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