Ginásio Padre Anchieta. Anos 1950, Camocim. Fonte: IBGE. |
Camocim 13
de fevereiro de 2016. Mais de quarenta anos depois volto à escola que me
acolheu entre o 2ª e 7ª série, nos anos
de 1972 a 1978. Quase nada mudou, a não ser o acréscimo de algumas salas, uma
quadra esportiva, laboratórios e algumas mudanças internas. Foram anos de muito
aprendizado e descobertas. Aqui despertei o meu gosto pela leitura. Lembro-me
ainda quando a Professora Conceição Lúcio me colocou para declamar o poema
"Soneto da Fidelidade" de Vinicius de Moraes numa festa do Dia das
Mães. Tremia mais do que vara verde... mas ficaram as lembranças. Recordações
da hora do recreio quando em algazarra nos postávamos na fila da merenda ou
mesmo da compra de guloseimas dos vendedores que ficavam do lado de fora no
muro lateral que dar para a Rua 24 de Maio. O muro era de meia altura com um
pequeno gradeado. Naquele tempo não se precisava elevar muros. Recordo que era
possível encontrar ovos de galinha dos vizinhos no mato que ficava atrás das
salas do lado esquerdo. E a quadra? Era apenas um cimentado que ficava ao fundo
onde hoje está erguida a Quadra Poliesportiva. Por anos a fio, nós alunos
contribuímos com a Caixa Escolar, cujo valor era recebido pela senhorita Nelita
Fonseca, já falecida, que, diziam, era para construir a tal quadra e ainda
tinha um campinho onde praticávamos algum futebol e as aulas de Educação Física
ministradas pelo Prof. Luís Carlos Feitosa, o Melancia (talvez uma alusão ao
seu ventre avantajado).
Dos
professores que mais lembro a Profa. Marilda que me fez gostar dos
Estudos Sociais. Conceição Lúcio, de Português, como já disse, me despertou
para o gosto da leitura. Foi aquela gota d'água que fez a diferença e que ainda
hoje me sacia. Do colega José Carlos dos Santos (Galdino) que depois se tornou
policial e morreu em combate lembro o companheirismo dele em me acordar nas
manhãs que havia aula de Educação Física, do Messias dos Reis, que também ainda
hoje é policial a lembrança é sempre da sua alegria e de mexer com os outros
numa brincadeira sem fim. Um dos filhos do soldado Pecém era metido à mágico e
malabarista. Dava saltos mortais no pavilhão. Mas a lembrança maior trago ainda
no corpo: uma cicatriz na sobrancelha do olho esquerdo. Naquele tarde do dia
fatídico um helicóptero sobrevoava a Praça da Matriz e por lá pousou. Como
estávamos sem aula todo mundo correu em disparada para ver o objeto voador
identificado. Na minha frente corria o Gilberto Silva (que hoje é mestre de
barco), ao passar pelo portão de fora, jogou para trás uma das bandas que me
colheu de frente, que vinha logo atrás. Num primeiro momento ainda corri
colocando apenas a mão no olho. Ao chegar no Parque Infantil que ficava em
frente da escola outro colega me advertiu que jorrava sangue do local afetado.
Amedrontado, levaram-me para o Hospital onde foi providenciado um curativo. O
enfermeiro que atendeu disse depois que "não faltou nada para atingir o
olho". Fiquei por mais de uma semana com a "placa branca" na
cara e ainda quase levava uma surra!
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