domingo, 15 de abril de 2012

O DIA DE PINTO MARTINS - 15 DE ABRIL

Costumanos não reproduzir matérias neste espaço. No entanto, o dia de hoje merece uma exceção pelos 120 anos de Pinto Martins. Já fizemos algumas postagens aqui no POTE realçando a figura e a trajetória do nosso ilustre conterrâneo, inclusive, se hoje temos o DIA DE PINTO MARTINS e a COMENDA PINTO MARTINS, efeméride e condecoraão em nossa cidade, tivemos um pouco a ver com essa decisão da Administração Municipal, face aos nossos artigos no jornal "O Literário", chamando a atenção para o descaso de sua estátua e a importância de recuperarmos  sua história. Desta forma, reproduzimos a matéria veiculada ontem pelo jornal Diário do Nordeste, Caderno Regional. Enquanto isso, estou no agurado de receber das mãos do Tadeu Nogueira, o jornal enviado do Rio de Janeiro por nosso amigo camocinennse Francisco Olivar, que traz manchetes do dia em que Pinto Martins completa o voo Nova Iorque-Rio de Janeiro, ao chegar na Cidade Maravilhosa.


Aviadores cearenses comemoram os 120 anos de Pinto Martins

O engenheiro mecânico que fez história na aviação mundial é cearense, nascido na cidade de Camocim

Camocim Antes de ser nome de um aeroporto, foi o homem ousado a atravessar o Oceano Atlântico em um avião. O aviador Euclides Pinto Martins, cearense de Camocim, faz parte da seleta nobreza da aviação mundial. Amanhã, se comemora 120 anos de seu nascimento. Aviadores cearenses farão o céu roncar em homenagem ao filho ilustre do Ceará. É uma forma de reacender o valor do engenheiro mecânico que completou o voo de Nova York para o Rio de Janeiro durante longos cinco meses com sucessivas escalas. Um voo pioneiro que entrou para a história mundial.
O Aeroporto Internacional Pinto Martins leva o nome do aviador cearense, que, embora homenageado, ainda é pouco reconhecido. Quase um século depois do feito, tiveram início as verdadeiras homenagens a quem ao fim da viagem fora recebido pelo então presidente do Brasil, Arthur Bernardes. Em Camocim, onde nasceu, em 15 de abril de 1892, há quatro anos existe um dia voltado a comemorações. Autoridades municipais entenderam que Pinto Martins faz parte da história e também da autoestima do camocinense.
"Quando levantamos voo de Caiena, encontramos forte temporal pela proa. Rompemos o mau tempo com dificuldade, mas tivemos de procurar abrigo. Tomei a direção do aparelho (era copiloto) e depois de reconhecer o Rio Cunani aí descemos às 3h30. O tempo, lá fora, era impetuoso e ameaçador. Não nos foi possível prosseguir e passamos a noite matando mosquitos e com bastante fome, pois não contávamos interromper a rota". Esse é o trecho de depoimento de Pinto Martins a um jornal da região Norte. A viagem inteira começou em novembro de 1922 e a chegada ao Rio de Janeiro deu-se em fevereiro do ano de 1923.

Aprendizado
Em 1909, antes da corajosa viagem, seu pai, Antonio Pinto Martins, o mandou para os Estados Unidos com aproximadamente US$ 300 e a obrigação de estudar e voltar mais "capacitado". Não sabia falar inglês, portanto, a língua seria o primeiro aprendizado. Chegando lá, alguns amigos ajudariam o filho de Antônio a se virar para manter-se no dia a dia e nos estudos. Sem perder tempo e fazendo uso da vontade que carregava, Pinto Martins matriculou-se na Drexell Institute, uma universidade da Filadélfia onde três anos depois se formaria em Engenharia Mecânica. Ali, os seus olhos já brilhavam para os meios de transporte, que cresciam em todo o mundo pós-revolução industrial e que se tornava, literalmente, a locomotiva do crescimento econômico.
Antes de se formar, Pinto Martins trabalhou como estagiário na Baldwin Locomotive, uma fábrica de vagões numa época em que não parava de crescer a instalação de ferrovias. Daí, já se via que o jovem galgava espaços aproveitando oportunidades em tudo que fosse símbolo da modernidade. Era a evolução do homem diante das máquinas. Foi esse sentimento que o impulsionou a fazer as primeiras investidas em prospecção de petróleo no Brasil. Para alguns biógrafos, o investimento no "ouro brasileiro", no que já representava o petróleo, fez de Pinto Martins um alvo da cobiça que teria sido decisiva em seus transtornos que o levariam a tirar a própria vida - antes havia discutido com seu companheiro de viagem Walter Hinton. Pinto Martins morreu em abril de 1924, um ano depois da heroica travessia.

Reconhecimento
Em 2009, Armando Pinto Martins, sobrinho-neto do aviador, escreveu artigo para o Diário do Nordeste destacando que "as novas gerações devem reconhecer que devemos muito aos nossos antepassados. A verdadeira história de Euclides Pinto Martins ainda está para ser contada". Depois de o presidente Café Filho sancionar lei oficializando o nome Pinto Martins para o aeroporto de Fortaleza, em 1952, e da criação do Dia Pinto Martins, em Camocim (2008), a história do aviador passa a ser reescrita. Para muitos, ainda é pouco para quem incentivou o novo. "A glória é breve. Cedo, aos poucos, Pinto Martins voltava ao anonimato. O Brasil não cultiva mesmo os seus heróis", lamentou Raquel de Queiroz, em crônica no jornal O Estado de São Paulo, século passado.
A viagem de Pinto Martins em um hidroavião biplano (pousa na água) foi patrocinada pelo jornal "The New York World", que fazia a tentativa pioneira de uma viagem entre as Américas do Norte e do Sul.
Foi considerada uma "loucura", mas foi concluída. Ao ser recebido pelo presidente Artur Bernardes, recebeu um prêmio de 200 contos de réis. Foi para a Europa, e a volta para o Rio de Janeiro deu-se com as negociações para explorar Petróleo. Há 60 anos, Pinto Martins é diariamente citado pelos milhares de voos que saem do aeroporto de Fortaleza que leva o seu nome.
A homenagem dos aviadores cearenses tem início a partir das 7 horas de amanhã, quando saem de Aquiraz em voo até a cidade natal do aniversariante, Camocim. O retorno está previsto para o fim da tarde.
 
Fonte: Diário do Nordeste, 14/04/2012.

Nenhum comentário:

Postar um comentário