sábado, 23 de abril de 2016

ABRIL PINTO MARTINS XIII - A CHEGADA E ESTADIA EM CAMOCIM

População recepcionando Pinto Martins em Camocim. 1922. Foto: Dominio Público.
Afora a série que ora escrevemos sobre o feito de Pinto Martins, de há muito tempo o blog Camocim Pote de Histórias vem destacando o aviador camocinense. Deste modo, uma breve pesquisa traz informações importantes sobre o raid aéreo, sua estada em Camocim e sua morte. Dentre outras, já focalizamos a Ata da Sessão Magna realizada no então Sport Club, onde foi homenageado, a Banda Lyra Camocinense, que animou o baile, a escola em seu nome, nos anos 1940, a pesquisa de petróleo em Camocim e sua relação com Pinto Martins, considerado um dos pioneiros no estudo da extração do mineral no país, os 90 anos do voo Nova Iorque - Rio de Janeiro, as comendas e festas em sua homenagem, além de um projeto que imaginei e denominei de Memorial Pinto Martins a ser construído na praça de mesmo nome. Portanto, é só acessar e reviver estes escritos. 
Mas continuemos com a série! A foto acima capta o exato momento em que o hidroavião fazia manobras para amerrissar no Rio Coreaú. A expectativa foi criada pelo telegrama de Pinto Martins dizendo que pousaria em sua terra natal. Como já dissemos anteriormente, este foi um gesto que ainda hoje repercute e liga o nome de Pinto Martins a Camocim e ao da aviação. Saído daqui com dois a três meses de idade e batizado e registrado em outra cidade de outro estado, Pinto Martins não tinha ideia de onde nascera e, talvez por isso, tenha incluído essa parada na escala do voo. Além do mais, a data prevista de chegada ao Rio de Janeiro já havia sido alterada para além de três meses, e um dia a mais ou a menos, não implicaria em muita coisa.
Os poucos escritos sobre a passagem da tripulação do Sampaio Correia II dão conta da agitação que a cidade viveu. Ao povo foi feita a conclamação para chegada do ilustre conterrâneo, que, como mostra a fotografia, acorreu em grande quantidade às margens do Rio Coreaú, por volta de uma hora da tarde de um dia claro e quente. Pinto Martins comandava o hidroavião quando fez o pouso. Aos ricos do lugar  coube a tarefa de receber os aeronautas tanto no mar, quanto na terra, designadas comissões que tiveram a tarefa de desempenhar tal mister. O Camocim Jornal divulgou o programa de festividades.  "Pinto Martins e comitiva seguiram para a casa de Tobias Navarro, conhecida como "o palacete da nobreza de Camocim", segundo o relato de Eduardo Campos, e local escolhido para o pernoite dos visitantes. Na chegada, Tobias Navarro ofereceu um almoço aos ilustres convidados especiais". Aliás, para quem quer saber os detalhes dos detalhes, precisa ler o livro de Eduardo Campos, "O Pouso da Águia", para entender melhor este fato. Outra fonte interessante é a do nosso saudoso cronista Artur Queirós em  "Recordações Camocinenses e Outras Memórias". 
À noite, mais homenagens esperavam os aviadores no Sport Club, hoje em ruínas, ainda a guardar ecos dessa noitada. Baseado em Eduardo Campos, tudo foi planejado nos mínimos detalhes. Após os discursos e a declamação de soneto do poeta Raul Rocha, a banda de música (contratada também como orquestra de dança) deu início ao programa musical do baile. Assevera o autor que Pinto Martins era um pé-de-valsa e, 'sempre que era solicitado, não dispensava uma dança. "A orquestra parou de tocar à meia-noite e, em seguida, foi servida a ceia. ....Era um desfilar de pratos, acompanhados de Medoc, o tinto francês a correr farto".
Com alguma ressaca e cansaço, os areonautas prosseguiram viagem no dia seguinte,  20 de dezembro de 1922, as 7 horas da manhã, cumprindo o horário pré-estabelecido rumo à próxima parada, Aracati. 
Na próxima postagens, enfocaremos mais detalhes de Pinto Martins em Camocim!

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