segunda-feira, 26 de setembro de 2016

VI SETEMBRO CAMOCIM - X. A PRAIA DE MACEIÓ E A ENCHENTE DE 1985.


A Praia do Maceió em Camocim-CE é hoje uma das mais belas praias do país. No entanto, antes de sua descoberta pelos turistas, pouco se sabe sobre a história desta pequena vila de pescadores e um dos fato que marcaram a vida das famílias deste lugar: uma enchente ocorrida no mês de abril de 1985 provocada pelas chuvas do inverno daquele ano invernoso. A matéria abaixo descreve este fato e apresenta um pouco da história da hoje famosa Praia do Maceió. 

by Paulo Henrique dos Santos
Aluno do Curso de História do PARFOR/UVA/Camocim



Visão panorâmica da Praia do Maceió. 2016. Camocim-CE.
Foto: Paulo Henrique dos Santos

A Praia do Maceió já foi um pacato vilarejo de pescadores com difícil acesso. Até bem pouco tempo, o único acesso era feito pela beira da praia ou estradas de areia que quando começava o período das fortes chuvas, tudo se transformava em buracos e lamas. Os únicos carros que conseguiam entrar na desconhecida praia eram utilitários do tipo jipes e buggs ou carros com tração que naquela época era muito difícil. As poucas famílias sempre se deslocavam por meio de animais, carroças e a pé. A distância do centro da cidade de Camocim ao vilarejo é de 12 km.  O local tinha como sua principal e única renda a pesca.
Em 1985, mais precisamente no mês de abril desse ano, ocorreu a grande enchente na praia que hoje é conhecida nacional e internacionalmente. Mas poucas são as pessoas que conhecem a história dessa que é divulgada e encanta por sua beleza.
Nessa época a comunidade era composta por uma média de 70 famílias, quase todas as casas eram de taipas e cobertas por palhas de coqueiros ou carnaúbas, existia apenas uma casa de alvenaria, a da família do Sr. Jonas Ciríaco, um dos donos dos currais e comprador de peixes daquela época. Pequenos comércios vendiam mantimentos para os pescadores, conhecidos como bodegas, e seus donos eram: Gregório, Raimundo Galucha, Dona Belarmina, Maria do Pato e Piragibe. Os donos destas respectivas bodegas eram os que tinham um maior poder aquisitivo, donos também dos currais de pesca(grandes cercados de madeiras e arames localizados há cerca de seis a dez quilômetros da praia, dentro do mar para capturar peixes de porte médio e grande). 
Na época dos currais de pesca era a “época de grande fartura, pois a produção era muita e o custo barato”, como nos diz o pescador Sebastião Ferreira de Sousa. Foi em meio a essa fartura que veio a grande enchente, no período de muita chuvas, no mês de abril de 1985. O então lago próximo a vila de pescadores, conhecido como Lago do Boqueirão (Boqueirão é uma pequena localidade que fica à 15 km da praia, onde fica o lago) teve seu nível d'água muito elevado, sangrando e vindo de encontro com ao mar, que por sua vez provocaram grandes ressacas. “A maré subia muito no período de chuva, invadindo pequenas casas que ficavam próximo a praia” diz o pescador Joaquim Eusébio da Costa.


Detalhe da Vila dos Pescadores do Maceió. 2016. Foto: Paulo Henrique dos Santos

A grande enchente fez com que moradores fossem embora, pois destruiu casas, plantações, deixando assim muitos desabrigados, mas, felizmente nenhuma morte foi registrada, somente a perca de bens materiais. Os moradores que ficaram na então vila de pescadores foram abrigados em barracões doados pelo Tiro de Guerra 10 001 sediado em Camocim. O então poder público, representado à época pela prefeita Ana Maria Veras, vendo a situação dos moradores, construiu quarenta casas de alvenaria, cada uma composta de três cômodos, dando o nome do local de Caucaia situada na entrada da vila de pescadores abrigando assim as famílias. Com a solidariedade de muitos camocinenses, inclusive do poder público, foram doados mantimentos e vestes, fazendo com que o passar do tempo as famílias que ficaram na vila conseguissem voltar pouco a pouco à rotina, os pescadores às suas atividades e o então lago para sua nascente.  A vila ganhou novas casas e uma estrutura diferente.
Hoje a vila virou um ponto turístico muito badalado com várias pousadas, restaurantes e servido de uma estrada asfaltada que a liga com Camocim e o resto do mundo.


Fontes orais: 
Entrevistas cedidas pelos pescadores e moradores Sebastião Ferreira de Sousa e Joaquim Eusébio da Costa

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