Recibo. Núcleo dos Estudantes de Camocim. 1973. Fonte: Arquivo da Prefeitura Municipal de Camocim. |
Num tempo em que estudar era difícil e para poucos, manter um filho estudando, "continuando" seus estudos era uma façanha. Na década de 1970 o máximo de nível escolar que Camocim proporcionava era o antigo primeiro grau. Mandar um filho estudar fora só para quem tinha "bala na agulha". No entanto, alguns comerciantes, funcionários públicos e autônomos que tinham alguma condição financeira conseguiram que seus filhos enfrentassem as dificuldades e fossem estudar em Fortaleza. Para isso, fundaram na capital o Núcleo dos Estudantes de Camocim (NEC), a famosa Casa dos Estudantes por onde passou mais de duas gerações de jovens camocinenses. Muitos dos que usufruíram desta república estudantil, hoje estão entre nós como empresários, profissionais liberais, funcionários públicos, políticos, etc. Outros se foram, como o escritor Carlos Cardeal. Com ele escutei histórias de solidariedade e outras de dar arrepio ocorridas naquele espaço que ficava nas proximidades do Liceu do Ceará e do Corpo de Bombeiros, Rua Liberato Barroso, 1344. Incitei Carlos Cardeal colocar aquelas lembranças no papel. O mesmo me disse que nem que usasse pseudônimos para todos, ia perder a amizade de muitos. Quando cheguei na idade de fazer o segundo grau, no ano de 1979, um amigo de meu pai lhe desaconselhou a enviar-me para a Casa dos Estudantes de Camocim, face à minha idade.
Carlos Cardeal. Um dos moradores do NEC. |
Mas, sem dúvida, manter a casa era uma tarefa hercúlea, pois, somente na base da solidariedade de alguns empresários e políticos, aquele núcleo estudantil era mantido. No documento mostrado acima, temos um recibo assinado pela diretoria da entidade, onde a Prefeitura Municipal de Camocim repassou a importância de CR$ 300, 00 (trezentos cruzeiros) referentes aos meses de março, abril e maio de 1973, dinheiro este recebido apenas no mês de agosto daquele ano.
Benedito Gomes Coutinho e José Miclésio da Silva eram presidente e 2º tesoureiro, respectivamente. João Pascoal de Melo (in memoriam) era o Prefeito.
É preciso que alguém que morou no NEC, um dica conte esta história num livro de memórias, tarefo que delego ao cronista Avelar Santos
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